Canseira
fevereiro 28, 2012
Não está na madrugada
nenhuma forma de segredo.
Nada dizem os astros
de nada conta o silêncio.
O escuro é só o breu.
Não há deus nem crença,
Nem paz, nem doença.
Nada encontro na madrugada.
Nem cheiro de perfume
nem saudade de ex-namorada.
Não há nada, não há nada.
Só o tempo que passa,
e o sol que insistente, ameaça.
Casquinha
fevereiro 26, 2012
A saudade não é o machucado,
ela é só a casquinha
que a gente insiste em tirar.
Luz de vela
fevereiro 26, 2012
Chama acesa, força desumana.
Calor, clamor, luz espessa.
Aroma pálido, queimado.
Sete dias, menos.
Amor, efêmero amor.
Não há sol que valha
nem fogueira que aqueça
o intenso e pouco amor que cabe
em uma vela com sua chama acesa.
Caras
fevereiro 23, 2012
Eu já perdi a decência
agora resta perder a crença
para que me torne parte do mundo.
Sou submundo profano-santo
pregador da ordem caótica
e do improviso.
Que o aviso seja discreto
pois se não, não seria poesia.
Que apodreça na magia do verso
o silencio da vida postiça.
Doce
fevereiro 20, 2012
Lembrar do quanto amo
é sentir de novo
o que já esqueci.
Amar o amor profano,
é amar sem dono,
é querer pra si.
Esquecer é caso de ano
ou amar, talvez, por engano
alguém de forma doce.
O que se faz
fevereiro 15, 2012
Não importa muito
se existe verdade
ou se se está certo.
Não importa.
Não importa muito
O nome das coisas
nem as coisas.
Não importa.
Não importa muito
se o limpo é limpo
ou é imundo.
Não importa.
Não importa muito.
Importa a vida
e o que se faz com ela.
Isso é tudo.
A distância
fevereiro 13, 2012
Quantos quilômetros se fazem entre aqui e aí?
Quantos são?
Existe distância que afaste o homem de sua inspiração?
Diga-me musa mulher oculta:
Longínqua mulher canção,
quando tu se faz música por mim,
sentes a vibração? Ou não?
Será que jamais saberás o quanto inspiras?
É possível não sentir o que de você é cria?
Pode ser que jamais perceba,
é uma pena que você não veja, nem tenha, nem leia.