Pelos velhos tempos

maio 31, 2012

Diga que sente saudades
e talvez nem isso.
Me mande um sinal, afinal
sou apenas humano.

Escreva uma carta longa
ou uma mensagem.
Pergunte de minha vida,
minhas viagens…
Mostre que ainda lembra de mim.

Me olhe, me procure, me seduza.
Não se esqueça de mim,
vê se me procura!
Pode me acordar, eu não me importo.

Me canso de andar solto…
É pouco, vagar sozinho.
É triste querer carinho
e vê-lo gasto em outro.

Me canso de tanta saudade
é um trabalho quase diário.
Lembrar é apenas maldade
querer é só o que faço.
Não sou de aço;
meu sorriso é só disfarce.

Multidão

maio 1, 2012

Minha caneta agora pinta
um quadro-poema-musical
em homenagem à arte
que artistas fazem
Sem serem percebidos como tal.

Pinto de tinta azul e rasurado
um poema cinema-simples
querendo ser atuado.

Pinto esta tatuagem não sozinho,
um exército de milhões
afinam suas tintas desconhecidas
e filmam suas versões
futuramente esquecidas
do e para o mundo.

ideias

abril 25, 2012

Qualquer ideia que eu venha a ter
é qualquer ideia.
E quando eu digo o que eu quis dizer
e alguém entende,
me calo de forma sorridente
feliz pela compreensão.

Vontade

abril 20, 2012

Quero comer poemas,
respirar música,
beber beijos
e dormir em abraços.

Sou sono e lento

abril 18, 2012

Mergulho em minha cama de molas
quico e me esfrego na colcha
até me encontrar coberto e protegido.
Esfrego minha cabeça contra o travesseiro,
puxo o cobertor até a orelha.
Coço as pernas com os pés com meias.
Ponho o travesseiro entre minha cara e meu braço
encolho as pernas (deitado de lado)
Fecho os olhos e escuto a música que pus para dormir.
Escuto a música como não escutaria.
Me perco entre sonhos e lembranças
devaneio.
Respiro fundo, sinto o peito, mudo de lado.
me preparo para o sono.
Sem perceber, já estou dormindo.
Sem perceber, já estou acordado.

Hipnose

abril 14, 2012

Os meus olhos vidrados
dançam parados, você ali.
A cabeça cala o pensamento
e o movimento vira fala.
Escuto poesia dançada.

Existe uma língua
difícil de falar
e fácil de entender.
Uma língua ilustrativa
escrita e falada.
Explicativa
Intuitiva.
Danada.

Língua do contra
onde as palavras trocam de roupa
e se mostram quase transparentes
de formas diferentes.

Língua esperta
Que de forma mais que direta
faz uma curva.

Língua que mistura
sorriso com cor de piso
e espaço com passos ou pássaros.
Dormir com estar acordado.

Língua com nome próprio
Sem idioma definido
Sem dicionário.
Quase imaginária,
língua mágica,
língua rara.
Metáfora.

Planejar o futuro
é se esquecer do presente.
Viver no presente
é brincar com o futuro.
Em caso de destino, relaxe.
Em caso de todo o resto, desfrute.

Alguém

abril 5, 2012

Cuidado ao pedir ajuda para alguém.
Alguém não tem nome.
Alguém é todo mundo.
Alguém é ninguém.

Bofetões

março 27, 2012

Levei uns tapas na cara,
palavras…
Que só ouvi porque menti demais,
pra mim.
Me fiz crer que você era sim,
amada.
No fundo o cruel é que você só era
dor.

Deus é sacana

março 23, 2012

Deus é sacana,
disso eu tenho certeza.
Ele brinca com minha cara
porque ele gosta dos meus poemas.

Quando eu estava sem escrever
fazia já quase dois meses,
ele me apresentou uma dama incrível
dessas de que quando se vê, se treme.

Eu logo me apaixonei
e escrevi muitos poemas.
O amor quando é bonito
não parece como doença.

Mas logo estranhei esse Deus danado
que mantinha ela sempre longe.
Me permitiu um beijo e só
e de resto olhando distante.

É obvio que eu escrevia
apaixonado louco de saudades
deus alegre lia
e adorava esse seu milagre.

E quando os poemas engataram,
e não mais escrevia sobre o coração
deus ficou chateado,
ele só gosta de poema emoção.

Então de forma sorrateira
disse para a menina sobre outro cara…
Ela foi como que teleguiada
para longe de minha mão.

E agora que estou sozinho
sem amor e com inspiração,
deus ri em seu palácio divino
lendo minha solidão.

Eu xingo os ares, xingo o mundo!
E todos os casais abraçados.
Sou o resultado-poema da vontade divina
e no amor, um desgraçado.

Ouvindo cartola

março 15, 2012

Peguei o pão e a manteiga,
queria uma menina meiga.
Passei a manteiga no pão,
queria viver uma paixão.

Peguei o queijo e o presunto,
espero que ela me queira junto.
Botei no pão o presunto e o queijo,
Como será o seu beijo?

Liguei distraído a cafeteira,
eu e ela na banheira.
Lavei mal lavado uma caneca,
a tarde, nossa soneca.

Liguei com fósforo, o fogão,
imagino sua boca, sua mão.
procurei onde estava a frigideira,
quero estar com ela inteira.

O pão na frigideira ficou quente,
que tipo de filho sairia da gente?
O pão na frigideira ficou pronto,
queria já ouvir seu canto.

Botei o café na minha caneca branca,
conversaremos horas deitados na cama.
Bebi rápido demais e queimei a boca
queria você aqui, não uma outra.

Comi tudo com uma calma distraída,
será que um dia ela será minha?
Comi com uma dor no coração,
ou será que ela passará enquanto penso que não?

Os tempos

março 10, 2012

A pressa às vezes aperta
e viver faz parecer tão pouco, tão curto.
E viver de fato é curto e pouco
e bastante insuficiente.
Mas não há vida que baste
para tudo que acontece.

A calma às vezes toma
e viver parece coisa boba
execício de ser atoa.
Comer e dormir.
Brincar de ir
nadar na lagoa.
A calma de um dia
faz valer a vida.

Tato

março 5, 2012

Antes de me embebedar
promovo um brinde à sobriedade besta
daqueles que amam de olhos abertos
e vivem em busca de certeza.
Antes de me embebedar, é claro.
Pois sóbrio digo qualquer coisa
que alegre,
mas bêbado, não há verdade que eu não renegue.

Vivo por beijos soltos
de amores avulsos
de carinhos simples
dados no susto
da vontade solta e besta
de qualquer prazer e cerveja.

Vivo pela vontade de provar
os gostos.
Vivo pelo meu gozo
e pelo sorriso que permite meu rosto.
Vivo na incerteza do olho fechado
e na crença pura de tudo que sinto
no tato.

Música

março 3, 2012

Não há saudade que resista
nem tristeza que sustente
uns acordes bem tocados
em ritmo gostoso e crescente.

Não há melancolia forte o suficiente
para aguentar cerveja ou vinho
ou pura e seca água ardente
acompanhada por composições.

Depressões são tão poucas perto de sons bons.
Cantos são mais intensos,
ritmos são mais marcantes,
vozes são mais ferozes.

Canto bêbado e solto
a alegria de saber compor.
Sei soltar a angustia da alma em música
ao invés de calar o silencio em dor.

Sopro

março 2, 2012

No tempo em que se inspira
carrega-se tudo que se cabe de ar
no pulmão.
E quando se sopra,
nada sobra no peito
fora o folego curto
que resta
e uma nova vontade de inspiração.

A vida como ela é

março 2, 2012

Eu olho e percebo
que o mundo que eu invento
é tão melhor do que o que há.
Se eu sinto o seu cheiro
e me faço desejo por ti,
se sonho, sei que será.
Mas quando me vejo ante o que é,
te percebo logo com outro
e me resta o pobre conforto
de um violão esquecido
que não é meu,
mas que soa.

Canseira

fevereiro 28, 2012

Não está na madrugada
nenhuma forma de segredo.
Nada dizem os astros
de nada conta o silêncio.
O escuro é só o breu.
Não há deus nem crença,
Nem paz, nem doença.
Nada encontro na madrugada.
Nem cheiro de perfume
nem saudade de ex-namorada.
Não há nada, não há nada.
Só o tempo que passa,
e o sol que insistente, ameaça.

Casquinha

fevereiro 26, 2012

A saudade não é o machucado,
ela é só a casquinha
que a gente insiste em tirar.

Luz de vela

fevereiro 26, 2012

Chama acesa, força desumana.
Calor, clamor, luz espessa.
Aroma pálido, queimado.
Sete dias, menos.
Amor, efêmero amor.
Não há sol que valha
nem fogueira que aqueça
o intenso e pouco amor que cabe
em uma vela com sua chama acesa.

Caras

fevereiro 23, 2012

Eu já perdi a decência
agora resta perder a crença
para que me torne parte do mundo.
Sou submundo profano-santo
pregador da ordem caótica
e do improviso.
Que o aviso seja discreto
pois se não, não seria poesia.
Que apodreça na magia do verso
o silencio da vida postiça.

Doce

fevereiro 20, 2012

Lembrar do quanto amo
é sentir de novo
o que já esqueci.
Amar o amor profano,
é amar sem dono,
é querer pra si.
Esquecer é caso de ano
ou amar, talvez, por engano
alguém de forma doce.

O que se faz

fevereiro 15, 2012

Não importa muito
se existe verdade
ou se se está certo.
Não importa.

Não importa muito
O nome das coisas
nem as coisas.
Não importa.

Não importa muito
se o limpo é limpo
ou é imundo.
Não importa.

Não importa muito.
Importa a vida
e o que se faz com ela.
Isso é tudo.

A distância

fevereiro 13, 2012

Quantos quilômetros se fazem entre aqui e aí?
Quantos são?
Existe distância que afaste o homem de sua inspiração?
Diga-me musa mulher oculta:
Longínqua mulher canção,
quando tu se faz música por mim,
sentes a vibração? Ou não?
Será que jamais saberás o quanto inspiras?
É possível não sentir o que de você é cria?
Pode ser que jamais perceba,
é uma pena que você não veja, nem tenha, nem leia.

Contínuos

janeiro 19, 2012

Não que independesse de você,
pois depende.
Mas independente disso,
Gostei de você
muito além do que apenas como amigo.
Você me traz sorriso.
E agora refém neste conflito,
Quero devolver arrepios
contínuos.

Da terra, da planta.

janeiro 19, 2012

O que vem da terra
que não é terra
é tanto..
A terra crua é ruim pra gente
mas é bom pra planta.

A terra por si só
é terra.
Com planta,
é alquimia!

O que vem da terra
mais água
mais planta
não te espanta?

Que filtro é esse que tem na planta
que cresce árvore
que dá flor e que dá fruto?

O que tem de cor na terra
fora barro e lama?
Que tipo de alquimia é essa de planta
que faz flor bonita
Azul e branca?

De onde vem o cheiro da flor
que não tá na terra?
Da onde que ela tira?
Como é que ela libera?

Como é que da terra nasce fruta
que nasce verde
fica madura?
Da mesma terra vem laranja e vem uva!
E terra tem gosto de terra,
nem tem gosto de verdura.

O filtro que vem da planta,
me alegra e me espanta.
Ela mostra o que esconde terra
essa bruta fonte
lama.

Dependência

janeiro 19, 2012

Inspiração oceânica,
gigante e escrava das marés.
Pensas que és presa a água,
que besteira…
A água é o que te faz
a lua é o que te leva.

De longe vejo a tempestade

janeiro 16, 2012

Sei que vejo distante
gigante
vindo
uma terrível tempestade.
Aqui há mormaço e calmaria,
mas vem depressa
em minha direção,
não a chuva que irriga,
sim a chuva que alaga.
Raios e trovões
a lua treme.
A tempestade vem, tudo bem,
que venha.
Não tenho medo de chuva.
Nadarei se preciso
respirarei se capaz.
Chuva capataz,
vai passar.
Sempre passa.
Basta paz,
falta calma.

Autoria

janeiro 15, 2012

Queria me tornar um personagem
de uma história escrita por mim mesmo.
Tendo a certeza de que quando eu escrevo,
me perco escravo de minha própria trama
de tal forma, que minha história seria um caos risório;
mistura de comédia poética e drama.
E mesmo embora minha história saísse surtada,
teria comigo uma grande certeza:
Não faltaria comida na mesa
e um longo trecho se passaria na cama.
Vinho seria barato, não caro
e a amada diria que me ama.

Ah! Queria me tornar um personagem
de uma história escrita por mim mesmo.
E viver como uma metáfora delirante
perdido em parágrafos sobre andar descalço
descrevendo detalhes sobre algo grande.
Minha vida narrada seria simples,
sem vilões, sem desastres de qualquer tipo.
Uma história normal, cotidiana,
com pequenos conflitos de quem ama
e a facilidade de um narrador amigo.
Seria uma narrativa bonita
do tipo gostosa de ler
com inspirações de uma vida tranquila;
a vida que eu quero ter.

Sobre o sol e a chuva

janeiro 14, 2012

I
Dias de chuva pesada
são aqueles que fazem do dia, noite.
Dias obscuros.
Dias sem Sol

II
Dias de chuva pesada
são aqueles que veem em camadas.
Dias de nuvem.
Dias de sol.